Reconfiguração de Quadra

O Minhocão foi inaugurado no dia 25 de janeiro de 1971, no aniversário de São Paulo. A inauguração aconteceu 14 meses após o início da sua construção. O prefeito da cidade na época era Paulo Maluf. Seu objetivo era fazer a ligação entre partes distantes da cidade afim de atrair mais pessoas para a região da Barra Funda e centro. Com o tempo, o minhocão passou a ser fechado aos sábados e ter seu horário de funcionamento reduzidos, assim como a sua transformação de uso, se tornando uma área de lazer aos fins de semana.

Apesar de ajudar na questão da locomoção entre diferentes áreas de São Paulo, o Elevado contribuiu para a degradação do centro, assim como o surgimento de reclamações feitas pelos moradores do entorno (por conta do ruído excessivo e da poluição gerados pelo seu uso). Com isso, a solução inicialmente proposta era a sua eliminação, porém o sucesso da inauguração do High Line, em New York, inspirou a ideia de transformar essa estrutura existente em um local de lazer, onde as pessoas pudessem aproveitar esse espaço. O seu público alvo seriam os próprios moradores das redondezas, assim como os jovens e que buscam usufruir desse tipo de lazer.

A implantação desse projeto atingiria diretamente a qualificação e integração dos espaços públicos do entorno, pois com todas essas mudanças, atrairiam mais pessoas para essa área, assim como promoveria a diversidade de usos e da coexistência com as dinâmicas já consolidadas, melhorando e revitalizando esse local, antes degradado.

Embora tenha sido tema de inúmeros concursos, a parte estética do parque ainda não foi definida, porém alguns aspectos como a implantação de gradis de segurança, além dos 8 pontos de acesso pela sua extensão já são condicionantes nessa mudança. Além do uso de arborização e a criação de áreas de sombras, o uso de mobiliários flexíveis e elementos de atividades lúdicas apareceram bastante nas propostas de layout do Parque Minhocão.

Mas qual a ligação do Parque com as quadras ao redor? Esse projeto atrairia potencialmente muitas pessoas para aquela área. Por conta das inúmeras atividades que serão realizadas ali, o Parque Minhocão contribuiria para o cultural, esporte, patrimônio, lazer e até uma afetando o turismo, sendo assim, as quadras também seriam utilizadas. Portanto, a fim de proporcionar uma experiência mais agradável, assim como tentar revitalizar o entorno do Parque, uma reconfiguração mais adequada das quadras se fez necessária. Esse exercício propunha uma revitalização nas quadras abaixo, porém o foco deste projeto será na 'QUADRA 2'.

Atualmente, a quadra em questão apresenta alguns problemas, que afetam diretamente a vivência das pessoas que a utilizam, como por exemplo a permeabilidade visual baixa, pouca arborização, e a pouca presença das fachadas ativas, o que serviria de incentivo para que as pessoas transitassem por ela.

Análises Preliminares

Para poder propor mudanças no local, primeiro foram feitas alguns estudos em relação ás atividades que ocorrem por lá, como o tipo de comércio, mobiliários urbanos, a existência de fachadas ativas e etc. O resumo da pesquisa e análise sobre as características da quadra pode ser conferido abaixo:

Sistema Viário

A quadra é cercada por vias coletoras, exceto pela via em frente à quadra e a via que a corta, sendo as duas arteriais.

Sistema de Transporte

Além do corredor de ônibus na Av. São João, há somente um ponto de ônibus nos fundos da quadra.

Mapa do Traçado Viário da QUADRA

Mobilidade Cicloviária

As avenidas em muitos trechos tem delimitação de ciclo faixas, porém em algumas partes o recapeamento é visível e acaba dificultando a sua visualização, o que praticamente deixa-a inexistente para quem não conhece a região de fato.
Na quadra, percebe-se uma grande mistura entre pessoas, edifícios e diversidade de comércio. Com isso, existe uma movimentação constante de pedestres, automóveis, ciclistas e transporte público, o que gera um bom aproveitamento dos equipamentos.

Mapa da Mobilidade Cicloviária da QUADRA

Arborização

Após análise da área, constata-se que o contingente arbóreo presente é escasso em algumas vias porém abundante em outras. Como é o exemplo da Rua Helvétia, onde a arborização é responsável por grande parte do sombreamento, diferentemente do que acontece na Rua Barão de Campinas e na Avenida São João. Pelo mapa é possível identificar que as árvores de pequeno e médio porte são maioria, o que não permite com que o sombreamento dos passeios seja eficiente; em termos de qualidade, as árvores se encontram em ótimo estado de conservação. Em relação ás edificações, as árvores pouco atrapalham as fachadas e não interferem na circulação das calçadas, não impedindo ou dificultando a entrada das lojas e edifícios.

Mapa da Arborização da QUADRA

Mobiliário Urbano

Dentro da área de estudo não há uma grande variação e quantidade de mobiliários urbanos. Há uma boa distribuição de postes da rede elétrica, onde a maioria possui pontos de iluminação, além de postes destinados especificamente à iluminação das vias.
Na região também há uma quantidade muito pequena de lixeiras, sua concentração está na Rua Helvétia e na Av. São João. Apesar de já ter caído em desuso, foi identificado a presença de 1 orelhão, na quadra em questão.

Mapa do Mobiliário Urbano da QUADRA

Tipologia Habitacional

A maioria das construções da quadra são de uso residencial, ainda que haja a presença do uso comercial. Nota-se facilmente o predomínio do uso misto nesse tipo de estabelecimento (no caso, são edifícios de 3 ou mais pavimentos, onde o andar de baixo é utilizado para área comercial e os andares superiores para moradia).

Mapa da Tipologia Habitacional da QUADRA

Grau de Vulnerabilidade

VULNERABILIDADE MUITO BAIXA.

No espaço ocupado por esses setores censitários, o rendimento nominal médio dos domicílios era de R$2.964 e em 8,1% deles a renda não ultrapassava meio salário mínimo per capita. Com relação aos indicadores demográficos, a idade média dos responsáveis pelos domicílios era de 50 anos e aqueles com menos de 30 anos representavam 9,6%. Dentre as mulheres chefes de domicílios 8,8% tinham até 30 anos, e a parcela de crianças de 0 a 5 anos equivalia a 6,3% do total da população desse grupo.

Equipamentos

Pensando no local como o centro da cidade, é de se esperar uma grande densidade de pessoas, tanto de moradores quanto da população que passa pela região, sendo para trabalho, estudo ou lazer. Levando esses fatores em consideração, para que haja uma melhor qualidade de vida, o ideal é que tenha uma grande 'oferta' de equipamentos urbanos, já que a demanda é enorme.
A falta de instituições de apoio social, bancos e até médicos (no entorno da quadra) são fatores que devem ser repensados, visando a qualidade que a população merece.

Mapa dos Equipamentos presentes na QUADRA

Delegacia

Centro CTR

Lava Rápido

Uso Comercial e de Serviços

Uma grande parcela da quadra consiste em edifícios de uso misto e que os estabelecimentos encontrados na quadra são lanchonete, lava rápido uma loja de ar condicionados e geladeiras.

Mapa dos Usos dos Edifícios da QUADRA

Gabarito das Edificações

Realizada a análise, nota-se que o gabarito de altura presente nos edifícios e uso dos lotes possuem predominância em edificações térreas, sobrados e de até 4 pavimentos, e em menor quantidade encontra-se o uso de 8, 12 ou mais pavimentos.

Mapa do Gabarito das Edificações da QUADRA

Densidade

Zoneamento: Zona ZEM
Área total dos lotes: 34.836,15m²
Dimensão da quadra (sem a calçada): 24.305,86m²
Área Construída: 60.374,62m²

Taxa de Ocupação (T.O.) - cerca de 70% da quadra é ocupada por área construída.
Coeficiente de Aproveitamento (C.A.) - 1,73
Densidade da quadra: 12.152,93m² por hectare

ÍNDICES URBANÍSTICOS

Fruição Pública e Fachadas Ativas

Apesar de se localizar em uma região com bastante infraestrutura, o fluxo maior é dos automóveis. Não há recuos ou espaços semi-públicos que permitam a fruição ou a vivência na quadra. As calçadas são de tamanho médio e em alguns trechos se estreitam, os pedestres têm maior relação com o carro, visto que está mais próximo.